Sabedoria

Apesar da milenar constatação aristotélica de que o ser humano é um ser social, tendemos ao egoísmo, que nos fecha e nos torna indiferentes e muito ocupados com as pequenas coisas da vida. E, ao se ocupar delas, nos esquecemos das maiores.

Cada segundo vivido é um segundo a menos de vida. A vida deve ser medida pela quantidade de tempo que gastamos fazendo as coisas. Pensar que aquele segundo não volta mais, nos provoca a refletir sobre os nossos valores e, principalmente, nos dá uma ideia de finitude.

A virtude, que representa o conjunto de qualidades do ser humano de bem, precisa ser cuidada, para não cairmos nos vícios, que são os comportamentos extremos. Precisamos aprender a cada dia a nos reconciliar conosco mesmo, buscar o equilíbrio.

Aquele que tudo sabe nada precisa aprender e é, portanto, fechado para a mudança. O excesso de certezas é incoerente com o movimento de desenvolvimento da humanidade, que dá frutos no campo da incerteza, da dúvida, da necessidade e da construção.

Se temos muitas convicções e pouco conteúdo, talvez seja o momento de adquirir o hábito de estudar e nos aprofundarmos nos porquês que fundamentam nossas crenças. Este processo fará com que o nosso dedo apontado para o outro, vire primeiro para nós mesmos.

A vida tem estágios: a infância, a adolescência, a vida adulta e a velhice. Cada estágio é diferente e exige mudança, adaptação. As crises vêm nos dizer que o que era até então, já não serve mais para o futuro, portanto nos exigem resposta de mudança.

Pensar a vida como um todo, desde sempre, estando em paz com o fato de que um dia acabará, pode nos ajudar a planejar e atuar no presente de forma mais consciente e consistente – a escolha exige consciência.

Em geral, não faz parte da nossa cultura o planejamento de longo prazo. Se negligencia o fato de que as pequenas decisões e escolhas de todos os dias determinam a nossa qualidade de vida atual e futura.

Os filósofos sabiamente nos convidam a tirar mais tempo para nós. Através do ócio entramos em contato conosco. Filosofar é tornar a vida mais cheia de significado. Como? auto reflexão, meditação, oração, psicoterapia ou aconselhamento filosófico…

No mundo atual parece que sempre estamos fazendo alguma coisa. Por outro lado, só se consegue ter consciência da nossa existência quando silenciamos e começamos a perguntar, processo filosófico por essência.