Por que não consigo atingir os meus objetivos?

11 de fevereiro de 2023

Para viver uma vida plena, feliz e com significado, precisamos ter um propósito. Pense comigo, vamos imaginar que você já tenha uma ideia em mente de qual(is) sonho(s) deseja atingir para dar um significado para a sua vida. Entretanto, pode ser que você acredite que esse sonho é muito grande ou que está muito longe de sua realidade atual ou de suas capacidades em colocá-lo em prática. Nesse caso, talvez você se pergunte: por onde então devo começar?

Se eu pudesse te dar um conselho, diria que o primeiro e mais importante passo de todos tem a ver com sua tomada de decisão. Dito assim parece simples, mas uma tomada de decisão verdadeira significa se comprometer em atingir um resultado e cortar qualquer outra possibilidade.

A tomada de decisão, porém, não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, talvez seja a mais difícil de todas as etapas e é onde a maioria das pessoas ficam estagnadas. E isso pode acontecer por algumas razões. Vou me limitar a citar as três que considero as mais importantes:

 

As Convicções Limitadoras

As convicções limitadoras são como ordens inquestionáveis que modelam cada ação, pensamento e sentimento que experimentamos. Vou contar uma história popular que ajudará você a entender melhor como isso funciona.

Você sabia como os elefantes de circo eram treinados? Desde muito pequeno, o bebê elefante era amarrado a uma corda muito grossa que ficava presa a uma estaca firmemente cravada no chão. Por diversas vezes ele se esforçava na tentativa de se soltar e assim ele se debatia, ferindo gravemente suas patas e percebe, portanto, que não possuía força suficiente para arrebentar a corda que o prendia.

Depois de um ano tentando, sem sucesso, o animal passou a acreditar que a corda sempre será mais forte que ele e desiste de novas tentativas (Wu, 2009). Assim, ao atingir a idade adulta, o elefante, agora gigante e dono de uma força incalculável, se mantém preso a uma fina corda (que ele poderia romper a qualquer momento), mas que não o faz porque foi condicionado a isso, ao se lembrar que, por muito tempo, gastou energia à toa tentando sair do seu cativeiro.

Assim como os elefantes, somos condicionados desde pequenos a seguir ordens sem questionar ou a acreditar que não somos bons, fortes ou capazes o suficiente para vivermos a realidade que bem desejarmos. A partir dessas convicções Limitadoras, nunca nos arriscamos a fazer nada diferente daquilo para o qual fomos treinados e abrimos mão das tentativas de nos libertarmos, para descobrir novas coisas.

O medo de tomar a decisão errada

Muitas vezes sentimos um forte desejo de nos movimentarmos em direção a um determinado sonho ou objetivo de vida. Ocorre, porém, que a possibilidade de fracassarmos na realização desse sonho, acaba por vezes nos colocando numa posição de paralisia, e preferimos continuar a viver uma vida infeliz, mas que nos é conhecida, do que arriscarmos aquilo que desejamos pelo simples fato do medo de dar errado.

Um estudo de educação cognitiva realizado pelos professores John Hattie e Arran Hamilton, da Universidade de Melbourne, aponta que o nosso cérebro pode nos enganar pelo viés de autoridade, que é a tendência de atribuir maior peso e precisão às opiniões de uma autoridade – independentemente de isso ser merecido, e o viés de confirmação que é a tendência de coletar e interpretar informações de uma maneira que esteja de acordo com, em vez de se opor, às nossas crenças existentes. Na prática, a opinião do outro tende a naturalmente nos guiar.

Precisamos entender, porém, que a vida é feita de movimentos e assim sendo, não há dúvida de que tomaremos decisões erradas ao longo de nossa jornada. Isso faz parte de nosso processo de crescimento. Você vai errar! Mas o significado que você dará para esses erros é o que te fará caminhar para frente. A verdade é que na vida não existe certo ou errado, o que existe são experiências, aprendizados.

A necessidade de evitar a dor

Sigmund Freud apresenta o princípio da dor e do prazer. Na vida todos nós somos movidos por duas forças: desejo de evitar a dor ou desejo de obter prazer.
Na prática, quando você sente que precisa fazer alguma coisa para alcançar seu objetivo mas não consegue colocar em prática é porque, em algum nível, você acredita que agir naquele momento em direção a seu objetivo, será mais doloroso que adiar essa ação. Deste modo, você vai levando a vida até o dia em que não agir torna-se mais doloroso do que fazer o que deve ser feito.

Você já se perguntou o que te impede de fazer o que é necessário para tornar a sua vida exatamente como a imaginou? Para a maioria das pessoas o medo da perda é muito maior que o desejo de ganho. Por exemplo: e se você tentasse um negócio novo mas não desse certo e com isso perdesse a segurança do seu atual emprego?

Assim, a maioria das pessoas trabalha muito mais para conservar o que tem do que para correr os riscos necessários para conseguir o que realmente desejam.

 

E ai? Você se reconhece nesses entraves?

Lembre-se: a qualquer momento uma decisão pode mudar o curso de sua vida para sempre, fazendo com que as comportas se abram e todas as coisas pelas quais você esperava se encaixem nos respectivos lugares.

Sua vida poderá mudar no instante em que você tomar uma decisão nova, coerente e empenhada. O primeiro passo é o mais difícil, mas prove a si próprio que você decidiu agora. Tome uma ou duas decisões, dessas que vem protelando há muito tempo. Mostre a si mesmo aquilo que é capaz de fazer e nunca desista dos seus sonhos!

Para apoiá-lo nesse processo, busque identificar e superar as suas convicções limitadoras, aprenda a lidar de modo saudável com o princípio da dor e do prazer e use isso a seus favor, busque o seu propósito de vida e aprenda a atingir os seus objetivos com um projeto pessoal de vida.

Referências

Robbins,T. Desperte seu Gigante Interior: Como assumir o controle de tudo em sua vida. 47º Edição – Rio de Janeiro. Editora Best Seller, 2020.

Wu, W. Learned helplessness: How to tame a baby elephant. Disponível em <https://waynewu.wordpress.com/2009/02/08/learned-helplessness/> Acesso em 6 out. 2022.

Tara, C. Motivating by the Pain Pleasure Principle. Disponível em <https://www.uwgb.edu/sbdc/assets/multi/news/201611-Motivating-by-the-Pain-Pleasure-Principle.pdf> Acesso em 6 out. 2022.

📷 A Letter of Recommendation | Antonio Rotta (Italian, 1828 – 1903)| Imagem reprodução