A química do equilíbrio

17 de outubro de 2022

Ter uma vida equilibrada é importante para alcançarmos a felicidade e buscarmos um propósito para a nossa vida. Mas seria o conceito de equilíbrio aplicável a todos de forma igual? Qual o papel da nossa estrutura neuropsíquica no processo de equilíbrio e felicidade?! Entender a nossa química interior é a chave para que tenhamos uma vida mais equilibrada e feliz, do nosso jeito.

 

Como surge o estresse?

A autora Loretta Breuning, no seu best-seller “Os hábitos de um cérebro feliz”, na perspectiva neuro evolutiva, explica que “o cortisol é o sistema de transmissão de emergência do organismo.” É um hormônio que nos coloca em alerta para dar uma resposta frente a algum sinal de perigo, ou que seja interpretado por nós assim, com base na associação de experiências semelhantes no passado. Por exemplo, “quando o cortisol dispara, chamamos a sensação de medo, mas, quando a quantidade é menor, denominamos a sensação de ansiedade ou estresse.” Este hormônio é responsável pelas sensações e sentimentos de mal-estar, como um indicativo de ameaça a nossa sobrevivência, nos preparando e demandando de nós uma resposta – até aqui, tudo normal e positivo.

O problema é se este estado for contínuo, seja pela realidade ou até mesmo criado e alimentado pelo conteúdo da nossa consciência, nossos pensamentos, gerando a liberação de cortisol excessiva ou então, desproporcional a realidade. Por isso, quando a tensão e o estresse estiverem presentes por longos períodos, podemos desenvolver doenças que nos incapacita a viver uma vida plena, como Burnout, transtorno de ansiedade generalizada, depressão, síndrome do pânico, dependência química, dentre outras e o desequilíbrio se instala. E como reverter isso?

 

O caminho construtivo

Se por um lado, evoluímos graças a um sistema de defesa muito eficiente, por outro lado, a mesma autora, pontua que temos um sistema eficiente de prazer e estímulo, que juntos equilibram o indivíduo e o colocam no caminho construtivo. O sistema responsável pelo estado de prazer e felicidade, segundo a mesma autora, é composto por quatro neurotransmissores que são responsáveis pela sensação de bem-estar, que foram e são fundamentais no processo evolutivo, na medida em que seu estímulo e liberação é determinante para aquilo que chamamos de felicidade e realização. Em seguida descrevemos cada um deles de maneira geral:

  • A dopamina: responsável pelo prazer, alegria e relaxamento liberado quando encontramos algo que buscamos – sensação de recompensa, ligada ao alcance de nossas metas e objetivos. Assim, ter um propósito, objetivos e metas é fundamental para o sentido da vida.
  • As endorfinas: responsáveis pela sensação de euforia, que mascara a dor nos permitindo seguir em frente para alcançar algum objetivo, geralmente mais ligado a atividade física e competições. Por isso, fazer exercícios físicos, rir, gargalhar, chorar, cantar e dançar, por exemplo, são hábitos fundamentais na medida em que liberam endorfina.
  • A oxitocina: liberada quando nos sentimos conectados socialmente e estabelecemos laços de amor e confiança com outras pessoas proporcionando segurança. Construir relações afetivas significativas com as outras pessoas é essencial para a nossa felicidade.
  • A serotonina: é responsável pela sensação de prazer por nos sentirmos socialmente importantes, reconhecidos e respeitados como parte de algum grupo. Assim, contribuir no trabalho, no grupo de amigos, na escola, na igreja ou qualquer espaço social para que nos sintamos parte é outro aspecto que devemos cultivar para ter uma vida mais feliz.

 

O equilíbrio

Cada uma das substâncias citadas anteriormente são estimuláveis e responsáveis pelo equilíbrio do funcionamento do ser humano. Quando temos algo muito importante para fazer, é natural sentir um “frio na barriga”, ansiedade que nos faz respeitar o evento e dar o melhor, mas quando desequilibrado, pode nos travar ou fazer que “enfiemos os pés pelas mãos”. Se isto estiver acontecendo, talvez seja o momento de repensarmos nossas prioridades na vida.

 

O segredo

A chave para o nosso equilíbrio é rechear a nossa vida com hábitos que estimulem a química da felicidade e lidar com as situações adversas de forma realista e positiva. E por isso, o mais importante talvez seja encontrarmos o nosso lugar no mundo, através de um propósito claro ligado a objetivos e metas, relacionamentos construtivos, um trabalho que explore nossos pontos fortes e momentos de lazer, desconexão e autocuidado.

Referências

BREUNING, Loretta Graziano. Los hábitos de um cerebro feliz. Traducción de Joana Delgado– 4ª edición. Ediciones Obelisco: Barcelona, 2020. Citação da página 65, em tradução literal.

BREUNING, Loretta Graziano. Los hábitos de um cerebro feliz. Traducción de Joana Delgado– 4ª edición. Ediciones Obelisco: Barcelona, 2020. Citação da página 65, em tradução literal.

📷 A Young Woman In The Meadow (1894) | Hans Dahl (Norwegian, 1849-1937)