Seu nome diz algo sobre você?

27 de maio de 2024

A visão de propósito não é algo novo. Há muito tempo e em diversas formas de sociedade, grupos ou tribos, as pessoas costumavam indicar por meio do nome uma missão para a vida, seja pelo nome de nascimento, nome de batismo (ou algum ritual de passagem para a fase adulta), nome após o casamento ou mesmo o nome atribuído a partir de conquistas ou o perfil pessoal.

Podemos afirmar que nosso nome é parte de nossa identidade, pois carrega em si laços familiares, culturais, étnicos e históricos. Ele contribui muito para o sentimento de pertencimento, apresenta o meu “lugar no mundo”, de onde vim e a quem pertenço. Mas, será que temos essa percepção ao dar um nome a um filho ou ao significar a nossa própria vida?

Nomes e tradição ao redor do mundo

Ao longo da história, em todo o mundo, existem diferentes formas de atribuir um nome, como indica o artigo do escritor e professor Justin Benton.

Nos primeiros séculos depois de Cristo, o costume era batizar a criança no mesmo dia ou no dia seguinte do nascimento, devido a altas taxas de mortalidade infantil. A inspiração era o santo do dia, que por sua vez indicava um propósito para a vida da criança.

Na Espanha, desde o século XV, oficializado no século XIX, são usuais dois sobrenomes que identificam os nomes familiares, paterno e materno, representando a importância da família. Nas Américas, os nomes costumam ter conotação bíblica, com uma ascensão recente de nomes a partir da cultura pop. No oriente, como na Coréia do Sul, por exemplo, o nome geralmente reflete a importância da harmonia e do respeito aos mais antigos. As raízes estão no confucionismo e na tradição familiar, via de regra paterna.

Na África, o nome está relacionado às circunstâncias do nascimento, à época do ano ou aos atributos que os pais desejam para o bebê ao longo de sua vida. A Rússia mantém uma forte tradição paternalista, com indicação do nome paterno no sobrenome e com inspiração em santos e ocupações.

Aventure-se a partir do seu nome

É muito fácil encontrar boas referências na internet sobre a origem dos nomes e seus significados, como o dicionário de nomes próprios. Incorporar um atributo positivo do nome à própria vida não é mandatório, claro, mas também não faz mal nenhum. Pode ser uma forma divertida e lúdica que você pode, aos poucos, refletir no seu projeto de vida.

Um exemplo é o meu nome, Leonardo, que pela pesquisa que fiz é a versão italiana do nome de origem germânica Leonhard, que significa “leão” e “corajoso”. A reflexão é quais as características de um leão? O que significa ser corajoso? Como aplicar a coragem no meu dia a dia?

Proponho esse mesmo exercício para conhecer as suas origens. No meu caso, Araujo vem de “Araújas”, uma espécie de árvore da região de Portugal e Espanha, usado como sobrenome por volta do século XIV. No Brasil, é comum no nordeste, região dos meus familiares paternos há algumas gerações.

Se quiser se aventurar ainda mais, também é possível encontrar o brasão da sua família.

O mesmo caminho pode ser traçado a partir dos sobrenomes que não nos foram dados, mas que também fazem parte de nós. Por exemplo, só carrego o sobrenome do meu pai, mas posso fazer o mesmo exercício com o sobrenome da minha mãe, Ribeiro. E por que não fazer com os dos meus avós Araujo-Prado e Ribeiro-Clemente?

Ser no mundo

É evidente que o nome nos foi dado e não temos controle sobre isso. Porém, saber os “porquês” do nome que temos, a intenção e referências dos nossos pais e o significado etimológico e cultural, pode ser uma importante chave para vivermos mais intensamente o nosso “ser no mundo”.

 

Referências

📷 Idyllic Family Scene in the Parlour | Arthur Hutschenreuther (German, 1849- 1914) | Imagem reprodução