O tempo

9 de novembro de 2020

Já aconteceu com você de quando realiza aquela tarefa chata que parece levar uma eternidade, e quando você olha para o relógio e se passaram poucos minutos? E aquele show de seu artista favorito em que as horas pareciam voar?

Henri Bergson (1859-1941), filósofo francês, questionou-se sobre o tempo e o dividiu em duas frentes principais: o mecânico, com uma crítica ao positivismo, e a duração, como a experiência do tempo na consciência.

O positivismo, com seu discurso metodológico, observa o tempo mecânico, “espacializado”, ou seja é possível comprovar que o movimento e espaço coincide com o quadrante do relógio, de modo que é possível medir o tempo. Isso é útil para algumas coisas, mas não para o ser humano. Por exemplo, no relógio, é possível mudar os ponteiros de forma aleatória e até “voltar no tempo”, sendo que o tempo enquanto tal não volta.

Deste modo, a mecânica não mede a experiência do tempo. Bergson vai chamar esse processo de duração: “e duração quer dizer que o eu vive o presente com a memória do passado e a antecipação do futuro.” (ANTISERI, 2003, pág. 711).

O tempo concreto é a duração vivida, com nosso passado e expectativa de futuro, e cada indivíduo tem um passado (ou uma percepção de passado) diferente.

E por que isso importa?

No cenário de pandemia como o que vivemos com o Covid-19, desaceleramos. Saímos do cotidiano de ir ao trabalho, e nos entreter no cinema, teatro, show, shopping, etc. Estamos em isolamento. Isso faz com que tenhamos que nos deparar muitas vezes conosco mesmo. Com a nossa intimidade. Além disso, uma certa angústia com relação ao futuro se instala, tanto do ponto de vista de saúde ou mesmo econômico, com o aumento do desemprego.

Que tal aproveitarmos essa oportunidade para conhecer quem nós somos? O que queremos ser? Quais as nossas preocupações? Ou vamos continuar apenas conhecendo o nosso “eu” exterior, superficial?

Você e eu somos capazes de ir além das nossas inseguranças e podemos fazer o nosso presente melhor. E com isso, uma vida melhor.

Referências

ANTISERI D. REALE, G. História da filosofia. Volume 3. Ed. 6. São Paulo: Paulus: 2003.

📷 A young girl sleeping (18th century) | Venetian School | Imagem reprodução