Não olhe nos olhos
Certa vez, assistindo um desses programas de domingo na televisão, vi uma reportagem sobre um casal que trabalhava nas ruas do centro de São Paulo. O artista e sua esposa eram estátuas vivas, cujo maior sucesso era a performance do ídolo Michael Jackson.
Essa é uma profissão que requer muita concentração, foco e técnica, uma vez que até a respiração e o piscar de olhos devem ser coordenados de forma muito discreta para que a “estátua” não se movimente. No final da matéria, a repórter veste parcialmente um traje com o objetivo de vivenciar por alguns minutos a arte promovida pelo casal. Quando perguntara sobre a principal dica para se concentrar e não cair na gargalhada com a provocação dos transeuntes, a resposta foi imediata: nunca olhe nos olhos das pessoas.
Dica interessante.
O olhar revela. O olhar desnuda. O olhar abre o coração e explicita o que é muito forte, principalmente na cultura oriental, a intenção. As crianças olham nos olhos. Os covardes não. O olhar diz mais do que muitas palavras e, mais do que isso, o olhar desmente as palavras, quando são proferidas de modo falacioso. O olhar separa o humilde do arrogante. O ansioso do satisfeito. O malicioso do pleno. Enfim, praticar a sensibilidade de ler os olhares pode, e muito, nos ajudar no desenvolvimento de relacionamentos fecundos e na capacidade de compreender as pessoas.