Maturidade e desapego
O sacerdote dehoniano, José Fernandes de Oliveira, carinhosamente chamado pela comunidade de pe. Zezinho, pessoa por quem tenho grande admiração, nos convida a uma reflexão muito interessante sobre sabedoria, maturidade e desapego.
Ao citar o rabino Hilel, ensina:
Na infância, os humanos são Meu-meu/Meu meu, ou seja, a criança não tem a dimensão do outro compreendida, o que significa que ela considera tudo o que existe como “dela” ou ao seu serviço.
Mais crescidos, aprendem a ser Meu-meu/ Teu-teu. Deste modo, vêem o outro como um outro fora do “eu”, ou seja, o que sou eu e é meu, é meu. O que é o outro e do outro, é do outro. Interessante observar neste caso que há um certo egoísmo no ar… e com isso nos trancamos em nós mesmos e com alguma dificuldade observamos o outro (e o próprio eu) como um ser dependente de viver em grupo, em comunidade, em sociedade. Há pessoas que passam a vida toda nessa dimensão. Mas há pessoas que aprendem a amar…
… e ao aprender a amar, vivem o Meu-teu/ Teu-meu. Existe aqui uma cumplicidade na relação. Um vive para o outro. e o outro vive para o “um”. Em outras palavras, são seres humanos que compartilham o que são e o que têm uns com os outros. O amor faz com que haja mais interesse em dar do que receber (já dizia São Francisco) e dessa forma, há alegria e generosidade. A grandeza de compartilhar além de tornar o que compartilha mais feliz, ainda ajuda o outro, que também compartilhará daquilo que tem de melhor. Um ciclo virtuoso.
Mas aí chega a maturidade e estabelecem o Meu-teu/ teu-teu. Aqui há o auge da generosidade e amor, quando a pessoa pensa primeiro no outro e a sua alegria está em ver o outro feliz. Enquanto os jovens crescem na busca de ter coisas ou acumular milhões em sua conta bancária, os mais maduros já não precisam mais do material para se sentirem realizados. Pelo contrário, buscam apenas um sorriso ou ajudar os outros a terem uma vida melhor. Muitos têm patrimônio, mas o patrimônio não os tem. Evidente que não se trata de uma maturidade apenas de anos passados, há pessoas que passam a vida toda nas duas primeiras dimensões. Infelizmente.
Ensinamento interessante e poderoso. Mais que isso, verdadeiro. Muito provavelmente, assim como eu, ao fazer a leitura desse texto você citou mentalmente alguns nomes e fez uma auto revisão para identificar em que estágio está.
Se você acredita nas palavras acima, compartilhe com seus contatos para que todos possamos refletir um pouco mais sobre nosso ciclo de amadurecimento. Faça a diferença!
Referências
📷 Grandmother Spooning The Soup To Her Grandchild (1868) | Albert Anker (Swiss, 1831 – 1910)