Identifique os seus sabotadores internos

Muito se fala sobre ter planos, metas, desempenho, avaliação, etc. Porém, é muito importante entendermos que por trás de todo tecnicismo, existe um ser humano. Assim, na nossa imperfeição de seres humanos, nós frequentemente nos sabotamos, ou seja, caímos em nossas “crenças e comportamentos que nos impedem de alcançar nossos objetivos, esperanças e sonhos.” (PETERSON, 2021).

Para melhor entendermos o processo de auto sabotagem e, principalmente, identificarmos em nós quais são os nossos sabotadores internos, te convido a ler esse texto que, mais do que informação, pretende provocá-lo para a ação.

A sabotagem

De acordo com o dicionário Dicio, “Sabotagem” é a ação de provocar prejuízos ou danos, tentando desta forma, impedir o funcionamento regular de empresas, companhias, instituições, meios de transportes, estradas etc.

O meu colega Paulo Valle escreveu um texto interessante sobre a auto sabotagem, publicado aqui no Filosofia Diária, no qual ele aplica esse conceito ao indivíduo e aponta os riscos das armadilhas que criamos para nós mesmos. Recomendo a leitura.

Nesse contexto, podemos ser vítimas e ao mesmo tempo autores de uma auto-sabotagem. E isso implica, na prática, em procrastinarmos o nosso projeto pessoal de vida, muitas vezes sem conseguir ao menos organizarmos os nossos planos. Por isso, precisamos identificar quais são os nossos sabotadores internos, que nos tiram o foco e nos criam a sensação de derrota.

“Vencer a si próprio é a maior das vitórias”. Platão

Por que nos sabotamos?

A psicóloga Ellen Hendriksen, Ph.D., autora do livro How to Be Yourself: Quiet Your Inner Critic and Rise Above Social Anxiety (Como ser você mesmo: acalme sua crítica interior e suba acima da ansiedade social), aponta para alguns motivos da auto sabotagem. São eles:

• O sentimento de não se sentir digno de sucesso ou felicidade;
• A necessidade excessiva de estar no controle das situações e, nesse caso, controlar o fracasso é mais fácil do que buscar um sucesso desconhecido;
• Se sentir uma fraude, como a síndrome do impostor. Para aprofundar a leitura, recomendo a leitura de um texto escrito por mim e publicado aqui no Filosofia Diária, Nem de mais, Nem de menos;
• Buscar sempre um bode expiatório, ou seja, um culpado (que pode ser uma pessoa, uma coisa ou circunstância) para o nosso insucesso;
• A sensação de se sentir na condição de esquecido, maltratado ou explorado e – apesar do incômodo – manter-se assim se torna uma zona de conforto;
• E, finalmente, “o medo de tentar o melhor e não ter sucesso, de ser decepcionado e publicamente humilhado, pois nos preocupamos que o nosso melhor possa não ser bom o suficiente” (HENDRIKSEN, 2017).

Os riscos da auto sabotagem

De acordo com a educadora Tanya J. Peterson, em seu artigo Self-Sabotaging: Why We Do It & 8 Ways to Stop (Auto-sabotagem: Por que fazemos isso e 8 maneiras de parar), publicado na página choosingtherapy.com, “quando as pessoas se auto-sabotam, elas regularmente se envolvem em comportamentos autodestrutivos, como procrastinação, perfeccionismo, conversa interna negativa , evasão ou conflito. Freqüentemente movidos pela ansiedade, medo e insegurança, eles minam seus esforços para construir a vida que desejam.” (PETERSON, 2021).

Outro risco apontado pelo meu colega Paulo Valle é o de nos dedicarmos a objetivos que não são nossos, esquecendo “o menino sonhador e de gostos ousados que se divertiam jogando futebol na praça da escola” (VALLE, 2020).

As três perguntas

Caneta e papel em mãos para três perguntas que poderão ter as “respostas de ouro” na identificação de seus sabotadores internos.

1. O que te tira do foco?
   Quais são as situações e circunstâncias em que você se distrai e perde o foco das suas atividades? Por exemplo: mídias sociais, atender chamadas, mensagens ou e-mails o tempo todo, etc.
2. Você costuma terminar as coisas que se propõe?
   Muitas iniciativas e poucas “acabativas”? Por exemplo: cursos, estudos, projetos, sonhos, etc.
3. O que suga a sua energia?
   Que tipo de assunto, de pessoa, de ocasião, de objetivos consomem a sua energia?
   Pergunte-se o porquê, dê nomes, aprofunde.

Aqui não se trata apenas de informação, mas de ação. Questione-se com honestidade e anote os seus pensamentos para superar-se. Pegue leve consigo mesmo e exercite essa viagem para dentro de si mesmo.