Como superar os dilemas da vida?

Visualize comigo a seguinte situação.

Você trabalha como enfermeiro/a em um hospital municipal de uma grande cidade. São horas de trabalho ininterrupto, o risco iminente de alguma contaminação, a fragilidade e cansaço do corpo, a insegurança emocional diante das perdas, e, após o longo expediente, percebe que apesar de todo o seu esforço em ser o principal ponto de contato e ser o responsável pelo cuidado imediato dos pacientes, o maior prestígio social e financeiro é do médico.

Cabe aqui uma ressalva que não aplico juízo de valor sobre é meritório ou não tal situação, apenas a descrevo como percebo e a pergunta que me vem à mente é: por que alguém opta por ser enfermeiro ao invés de seguir a carreira de medicina?

Precisamos viver como heróis?

Fala-se muito da jornada do herói, em que você constrói uma narrativa heróica para mostrar como você supera os seus medos, receios, e torna-se uma grande referência de ser humano para a humanidade. Mas será que precisamos nos desenvolver a partir da caricatura que os outros fazem de nós?

É comum a ideia de que temos que enfrentar os nossos medos, bater de frente e não deixar-nos abater pelas circunstâncias da vida. Porém, trago como sabedoria de vida que precisamos nos perceber e assumir que nem sempre estamos preparados para lidar com os medos em determinado momento.

A nossa sociedade atual busca evitar o sofrimento e busca uma realização com caminhos mais fáceis, evitando o medo. Porém, o medo é natural para nos manter – de forma equilibrada – alerta diante dos riscos. Por exemplo, é comum o medo de dirigir assim que tiramos a habilitação para isso, porém, quando eu perder esse medo por completo, é muito mais provável causar um acidente, pois perco a minha sensibilidade diante do risco.

Porém, tomar decisões, vivendo os dilemas da vida, nos coloca em situação de angústia, pois por vezes é difícil definir o caminho a tomar, e fica mais fácil assumirmos a aprovação do outro como nortear as nossas escolhas.

A grande aposta

Uma nova carreira, um novo relacionamento, e outras mudanças implicam uma reflexão que pode nos amedrontar. Será que devo fazer uma compra ou não? aceitar uma proposta de emprego ou não? abrir um negócio ou não? Todo esse jogo complexo de possibilidades vira uma aposta de optar “fazer” ou “não fazer” em nossas vidas. E aqui há uma importante chave: dar significado às decisões.

Lembra da situação do enfermeiro? Pois bem, um aspecto importante da vida é superar os nossos medos do desconhecido e abrir-se para a vocação. Atribui-se ao pensador Confúcio a frase “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.

É próprio da vida superar dilemas de seguir em frente ou não com determinada decisão, dando um sentido naquilo que você faz ou por se sentir bem, independente do reconhecimento que tal atividade possa trazer. E aqui mora a nossa vocação, que – a meu ver – deveria ser a nossa principal motivação para atribuir o significado ou propósito para a nossa vida e nortear as nossas escolhas, superando assim os dilemas da vida.

Para aprofundar o tema, recomendo a leitura do roteiro de textos apresentado na provocação filosófica “Uma missão para a vida”, que o ajudará a dar os próximos passos para planejar e executar a sua visão e missão. Boa leitura!