Como estimular a empatia em crianças?

9 de dezembro de 2024

“Quando as crianças transformam seus impulsos empáticos em ações, elas ganham prática em ajudar os outros”. William Damon

A frase do psicólogo norte-americano William Damon me fez refletir sobre o importante papel da escola em trabalhar as emoções, sobretudo, as emoções morais.

Em alta nos últimos dias, o filme Divertidamente 2, o maior longa-metragem da história da Pixar, mostra todos os aspectos do desenvolvimento do ser humano, principalmente no que tange às emoções. No entanto, para além de puramente identificarmos quais são as emoções que permeiam o ‘eu’, devemos entender os seus papéis, sobretudo das emoções morais, que exercem sua função social.

Para o psicólogo norte-americano Jerome Kagan, existem cinco categorias de emoções morais: a empatia, o medo, a culpa, o tédio e a ansiedade.

Essas emoções, são, segundo Damon, um arsenal que toda criança possui de maneira inata que tem a função de desencorajá-la a prejudicar os outros.

No entanto, se somos de maneira inata desencorajados a prejudicar os outros, como explicar as condutas antissociais e a negação de nosso modo de ser pró-social? Para Damon, as crianças são intérpretes ativas de sua própria experiência.

As crianças dão sentido ao mundo à sua maneira – uma maneira que é ao mesmo tempo incisiva e teimosamente resistente à manipulação ou ao engano, de modo que elas só mudarão seu comportamento quando isso fizer sentido para elas.

Damon ainda reforça que uma das muitas razões pelas quais é um desperdício tão trágico quando um jovem deriva para uma condição de apatia amoral ou, pior, para um frenesi de atividade antissocial. Quando uma geração inteira dá sinais de se mover em tais direções, é preciso procurar as forças culturais que a estão desviando. E é preciso fazer o que estiver ao nosso alcance para inverter a deriva cultural.

Nesse sentido, o papel da escola em trabalhar as emoções morais é crucial. As emoções morais são ampliadas e transformadas, segundo Damon, através da experiência social real. Precisamos criar ações práticas que levem os jovens a uma experiência concreta da empatia.

Nos anos que acumulei trabalhando em vários colégios, sempre gostei de instituições que promovem ações sociais, experiências de fraternidade, voluntariado, visitas à ONGS. Essas experiências, para além do acadêmico técnico, de certo modo ‘aquecem o coração’ dos estudantes, tornando-os pessoas melhores. As emoções morais são trabalhadas deste modo. Não existe “curso de empatia” melhor do que o encontro com o outro e o ritual de fazer o bem.

Referências

DAMON, William. Greater Expectations. 1ª ed. New York: Free Press Paperbacks, 1996.

📷 Kinder am Brunnen, rückseitig alt betitelt | Anton Ebert (Czech, 1845-1896) | Imagem reprodução