A melhor arma contra o preconceito!

21 de agosto de 2023

Em tempos de ódio, é fundamental andar armado. E recomendo que você use com frequência essa arma contra o ódio e preconceito: o pensamento filosófico. Se você não a conhece, a partir desse texto você estará habilitado a caminhar armado seja onde for. E a minha sugestão é que você use, abuse, e ensine as outras pessoas também a usar.

O pensamento filosófico

O pensamento filosófico tem como ponto principal a busca da profundidade das coisas por meio da reflexão. Como dizia Sócrates: “Uma vida que não é examinada, não vale a pena ser vivida”. Em outras palavras, o pensamento filosófico quer nos tirar do estado de letargia, ou seja, da inconsciência diante dos fatos, fenômenos e situações que nos deparamos no dia a dia e que movidos pelo automático da vida, não percebemos.

Em meio a esse estado de inconsciência, qual é o papel da filosofia? Podemos dizer que seu papel é de “criar problemas”. Ou seja, é uma ciência que problematiza temas como o que é felicidade? O que é o amor? O que é justiça? Por que existimos? Qual o sentido da vida? Por que perdemos pessoas que amamos?, dentre outros. Para a filosofia, as perguntas são mais importantes do que as respostas. É a ciência do perguntar, do questionar, da busca pela verdade. O pensamento filosófico tem por finalidade gerar inquietação diante de temas que se apresentam na vida dos sujeitos.

Do preconceito ao conceito

A filosofia enquanto um pensamento racional busca a passagem do senso comum para o senso crítico. É uma busca radical pelo conceito. Ao dizer que a filosofia é um pensamento racional que valoriza o conceito, podemos afirmar que a reflexão crítica é rigorosa, radical e fundamentada. O oposto disso seria o preconceito, ou seja, a percepção automática da vida de maneira não crítica.

Conceituar é dizer o que a coisa é. Isso exige rigor em sua análise para não cair em sensos comuns prejudiciais à busca da verdade e da compreensão do mundo. Por isso devemos levantar a seguinte pergunta: O que significa ser crítico? O que significa fazer uma crítica? Em nossa cultura, criou-se uma imagem muito negativa desse tema.

Ser crítico e não “critiqueiro”

Confundimos ser crítico e ser “critiqueiro”.

O crítiqueiro é aquele que busca pôr defeito em tudo. Reclama de tudo, faz sempre comentários negativos sobre as coisas, as pessoas, a sociedade, etc.. É a pessoa que tem o prazer de falar mal.

Já o crítico é aquele que busca a racionalidade nas percepções da vida. Fazer uma crítica na filosofia, seja positiva, ou negativa é ter um estado de atenção, reflexão e busca de fundamentos para a realidade.

Esteja armado contra o preconceito

Vale lembrar que a principal atividade da filosofia é a preocupação com os bens da mente. Por isso, Russell dirá que a filosofia não é perda de tempo, mas uma atividade primordial para aqueles que desejam ver a vida com profundidade. E viver com profundidade é acolher com sabedoria o diferente.

O pensamento filosófico, com seus métodos, pode ser uma importante arma que devemos conhecer e manter conosco para evitar o preconceito e, antes de uma atitude “critiqueira”, ser crítico e – com sabedoria – refletir sobre a realidade e evitar aquela primeira percepção automática da vida.

Se você gosta do tema, recomendo a leitura dos textos “Como saber se tenho preconceitos?” e “Sobre o vírus do racismo”.

Referências

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade: Minas Gerais, Ed. PAX, 2010.

📷 Reading the News | Victor Gabriel Gilbert (French, 1847–1933) | Imagem reprodução