Plenitude: o que isto significa na prática?

21 de janeiro de 2023

“Que o seu dia seja pleno…” me desejam.

Eu me pergunto, “o que seria um dia pleno?”. É uma daquelas frases que usamos, mas que podem ser complicadas de explicar. Dou uma olhada no dicionário para entender o significado da palavra “plenitude” e encontro a seguinte definição: “condição de pleno, daquilo que está completo, inteiro, sem espaço.”

Mesmo assim continua parecendo um pouco abstrato, não parece?

As palavras têm poder e por isso precisamos entender o seu significado. Então, a partir do dicionário tento formular uma definição bem objetiva para o que seria um dia pleno. Diria que um dia pleno seria um dia completo, abundante, que não faltou nada, e pelo contrário, até sobrou.

E como seria um dia assim?

É um dia em que nos fazemos presentes de corpo e alma. É um dia que decidimos investir 100% da nossa atenção no tempo presente. Sem distrações, sem ficar metade aqui e outra metade nos distraindo no celular ou nos perdendo em pensamentos que não fazem sentido para aquele momento e não agregam valor. É perceber e saborear a atividade presente com todos os nossos sentidos.

Com tantas distrações hoje em dia, isso pode ser desafiador e é por este motivo que a nossa presença começa primeiro com a nossa autopercepção.

Entender verdadeiramente este conceito é fundamental se queremos alcançar dias mais plenos. É necessário perceber-se por inteiro para estar presente por inteiro. A sintonia entre corpo, sentimentos e pensamentos, intencionalmente focados 100% na atividade que estamos realizando. Este tipo de atenção precisa ser treinada, assim como treinamos os músculos fazendo exercícios, pois nossos pensamentos podem facilmente se perder com tantos estímulos ao nosso redor. Como treinar o “músculo” da atenção?

 

Autopercepção na prática

Uma técnica efetiva para praticar a autopercepção e voltar para nosso eixo central de atenção é parar e calmamente durante alguns segundos trabalhar respiração e foco: inspirar pelo nariz e expirar pela boca contando de 1 até 10. Durante o exercício, perceber as sensações do nosso corpo, os sentimentos e voltar a atenção para a atividade que importa naquele momento e mentalizar “eu estou aqui por inteiro”. Esta prática repetida diversas vezes durante o dia nos permite alinhar o nosso eixo interno e focar nossa intencionalidade. Até mesmo quando estiver numa reunião importante e começar a se distrair, faça este exercício sem que os outros percebam e logo verá o resultado. Quase como se fosse mágica. Se praticarmos esta técnica várias vezes ao dia, semana ou meses se tornará um hábito e seus ganhos serão maiores ainda, na medida em que aumenta a nossa capacidade de foco e presença plena.

 

As vantagens da autopercepção

Quanto mais conseguirmos gerir o nosso nível de atenção e focar no presente, mais passaremos a perceber e diferenciar os nossos sentimentos, os sabores, cheiros, palavras, sensações.

Não ficaremos pela metade, curtiremos por inteiro. Teremos maior controle da nossa experiência interna, o que se refletirá na qualidade maior da nossa experiência externa. É o que o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi chama de estado de Flow, condição mental que leva a pessoa a imergir completamente naquilo que está fazendo quase se perdendo no tempo.

Uma característica de plenitude é que as horas ou dias que estamos presentes plenamente passam voando e chegamos ao seu final com o sentimento de ter valido a pena, porque fizemos o que nos propusemos a fazer. Vivenciamos o presente de forma 100% presente. Então nos permitimos deitar e dormir tranquilamente.

Assim, encerro minha reflexão deixando claro que os dias plenos somente são assim porque nós fazemos com que estes sejam assim, nos doando totalmente, sem reservas ao presente momento. Nos fazemos presentes em todos os momentos através da nossa atenção genuína e como resultado temos sensação de completude, de ter valido a pena.

Por isso eu te desejo, “que você seja pleno em todos os momentos do seu dia…”

Referências

📷 Breakfast (1866) | Amalia Lindegren (Swedish, 1814 – 1891)| Imagem reprodução