Convicções limitadoras: o que são, como identificar e como superá-las?

11 de dezembro de 2022

Imagine a seguinte cena:

Quatro macacos estão sentados em uma gaiola olhando para um cacho de bananas acessível apenas por uma escada pendurada no telhado. Sempre que os macacos tentam subir a escada para alcançar as bananas, um jato de água fria os bloqueia.

Depois de alguns dias tentando, percebendo que não adianta tentar pegar a fruta, os macacos desistem. Mais tarde, a mangueira é removida e um dos macacos é substituído por um novo. Ao ver as bananas, ele começa a subir os degraus, mas os outros macacos o puxam para baixo.

O novo macaco fica confuso, olha em volta e tenta repetidamente escalar a escada, sem sucesso. Finalmente, o novo macaco aceita o código de conduta do grupo e segue a regra não escrita: “você não pega bananas por aqui”.

Essa fábula foi popularizada no livro Competing For The Future de Gary Hamel e CK Prahalad, e nos apresenta, na prática, o impacto das convicções limitadoras.

 

O que são convicções limitadoras?

As convicções estão associadas a tudo aquilo que aprendemos ou que fomos condicionados a fazer desde criança por nossos pais, amigos, professores, internet, televisão, dentre outros, cujas experiências passamos a aceitar como verdades absolutas, sem questionarmos a sua real veracidade. Muitas dessas “verdades” são passadas de geração em geração sem que ninguém saiba dizer de onde se originaram e porquê.

Às vezes desenvolvemos convicções que criam limitações ou forças dentro de nós e que dominam praticamente todos os aspectos de nossa vida, de forma positiva ou negativa, de acordo com o estímulo. Ao assumirmos essas limitações como verdade, deixamos que essas convicções atuem em nossas vidas como uma força invisível passando a dirigir nossos pensamentos, sentimentos e ações.

Assim como no caso da fábula, as pessoas desenvolvem sem perceber algumas convicções sobre quem são e o que são ou não capazes de fazer.

 

Por que é importante reconhecer as convicções que limitam nossas vidas?

As nossas convicções têm grande responsabilidade por aquilo que conquistamos ou não conquistamos na vida. Logo, se acredito que não sou competente e capaz o suficiente de desenvolver uma nova habilidade, eu simplesmente não me movo, não me coloco em ação e assim fico estagnado numa vida que não me preenche, que não me traz felicidade. Por isso, se algo não está saindo como desejado, mudar nosso sistema de convicção é fundamental para realizarmos qualquer mudança real e duradoura.

 

Como identificar quais convicções estão regendo minha vida?

Primeiro, tome consciência de que se você ouviu a vida inteira que possui uma determinada dificuldade, com certeza você a possuirá, simplesmente porque acreditou nisso e o tomou como verdade.

Carregamos a vida toda palavras como “eu não presto pra nada”; “sou burro”; “só pessoas que nasceram ricas vencem na vida”; “eu não tenho sorte com relacionamentos”; “eu nasci para sofrer”; “eu não mereço ser feliz porque não sou bom o suficiente”; “homens não prestam”; “sou muito velho para isso”.

Se essas convicções são crenças a partir de uma frustração, você precisa se dar conta que essa convicção não apenas lhe custou dor no passado, mas também está custando no presente e vai lhe custar no futuro.

 

Como superar as minhas convicções limitadoras?

1. Seja realista e reconheça a dor que as convicções limitadoras te trazem: um passo importante para buscar uma mudança é ser realista. As convicções limitadoras nos trazem uma carga emocional grande que pesa e nos deixa tensos. Para ajudar nessa etapa, você pode começar a fazer as seguintes reflexões:

  • Essa condição limitadora tem me deixado triste, me dá insegurança ou traz mágoas de pessoas que foram próximas no passado?
  • Quanto vai me custar, em termos emocionais, se eu não me libertar dessa convicção limitadora?
  • O quanto vai me custar em relação a relacionamentos, se eu não me livrar dessa convicção?

2. Comece a questionar a origem dessas crenças: no momento em que começamos a questionar honestamente nossas convicções, não mais as sentimos como certezas absolutas. Para isso se pergunte:

  • Essa crença é realmente minha ou foi apreendida com meus pais/professores/amigos?
  • A pessoa com a qual aprendi essa convicção podia ser tomada como modelo nessa área?
  • Quais foram as experiências que vivenciei na vida e que me mostraram exatamente o contrário dessa convicção limitadora?

3. Substitua as referências de suas convicções: as convicções que formamos ao longo da vida, geralmente estão associadas a referências, que nada mais são que experiências vivenciadas por nós. Por exemplo: se você acredita que “é um fracasso”, isso geralmente ocorre porque você viveu algumas experiências negativas com pessoas que foram referência para você no passado e aceitou aquilo como verdade. Ao entender isso, você pode fazer o exercício mental de buscar novas referências que tenha vivenciado e que comprovem a ideia contrária. Logo, se eu tive momentos de fracasso eu muito provavelmente vivenciei também momentos em que tive sucesso nas coisas que me propus a fazer.

Essa mudança não é simples e poderá trazer algumas dores. Se necessário, procure um especialista, mas comece hoje mesmo a desenvolver o hábito de focar nas consequências de suas convicções e transformar os limites em conquistas.

Referências

Robbins,T. Desperte seu Gigante Interior: Como assumir o controle de tudo em sua vida. 47º Edição – Rio de Janeiro. Editora Best Seller, 2020.
HAMEL, G., PRAHALAD, C.K. Competing for the Future – Harvard Business School Press, 1996.

📷 Tegetthoff in der Seeschlacht bei Lissa I (1878-1880) | Anton Romako (Austrian, 1832-1889)