Consigo aprender a tocar um instrumento?
Recebo esta pergunta de vez em quando, e com base na minha experiência pessoal, costumo responder que: “depende, depende de você…”.
Mas precisa ter o dom?…
Eu continuo respondendo… “Depende, difícil de responder…”, mas diria que assim como em qualquer área, há músicos excepcionais, que talvez tenham o “dom”. No entanto, se você, assim como eu, não tem maiores pretensões do que animar o churrasco dos amigos, ter uma banda para tocar aqui e ali, como hobby mesmo, acredito que a paixão e disciplina serão mais importantes no aprendizado de um instrumento musical, do que “o dom” propriamente.
Em geral, todos nós já tivemos a experiência de apreender algo novo, uma língua, um ofício, um esporte, dentre outros, e sabemos que isso exige estudo e prática, de forma relativamente constante e dentro de uma determinada linha de tempo.
Penso que isto também se aplica ao aprendizado de um instrumento musical, afinal, não se acorda sabendo fazer alguma coisa complexa e especial, mas se apreende.
O primeiro ano para mim foi o mais difícil, muito trabalho e pouco resultado, do tipo, “passe a maior parte do tempo afiando o machado.” É necessário desenvolver a motricidade fina, o que só se consegue através da repetição e tempo, da disciplina.
Embora me reconheça como autodidata, aprendi o básico da teoria musical com um professor no período de um mês, mas depois aos poucos apliquei esses conhecimentos teóricos na prática, em dezenas de missas e cultos em que toquei como seminarista, inicialmente acompanhando os mais experientes até que pudesse tocar sozinho.
Atualmente toco baixo na Banda Guido como um hobby, aquele futebolzinho das quartas feiras.
Para mim, saber tocar e interagir com a música, ainda que seja de forma amadora, é algo muito especial, e seu aprendizado exigiu que fizesse parte constante do meu projeto pessoal de vida.
Neste sentido, eu considero importante se juntar a outras pessoas no aprendizado, uma escola de música ou professor, espaço em que você terá uma iniciação estruturada, terá com quem interagir e praticar e assim será menos provável que perca o entusiasmo.
Caso você se decida, entre com os dois pés no barco, e tendo ou não o dom, terá que estudar e praticar muito para chegar lá, e chegará, porque, parafraseando Aristóteles, a repetição como um hábito é o que gera a perfeição.
Lá na frente, quando seus amigos estiverem berrando e cantando com você no churrasco, saberá o quanto valeu a pena cada minuto de dedicação.
Sucesso!
Referências
📷 The Music Lesson (1870) | John George Brown (American, 1831-1913) | Imagem reprodução