A carroça, as abóboras e o chacoalhar do caminho
A palavra processo, tem sua origem etimológica do latim, no termo procedere (pro+cedere) que significa um conjunto de ações, uma determinada forma de fazer ou um método para se alcançar um objetivo comum. Geralmente usado nas empresas para determinar como alguma atividade deve ser feita de forma padrão, da melhor maneira possível e no menor tempo. Assim, se determina uma forma de fazer algo, sabendo exatamente o seu resultado.
Na vida real, muitas vezes nos deparamos com diversas situações das quais não temos um processo definido, uma receita ou pelo menos não sabemos um “jeito certo” de fazer, ou de chegar naquilo que idealizamos ou desejamos. Esta situação pode desencadear, para muitas pessoas, o sentimento de receio, medo ou ansiedade diante da circunstância, uma vez que não se consegue determinar exatamente como isso vai acabar.
O fato é que para grande parte das situações do dia a dia não temos as respostas prontas, e por isso, muitas vezes deixamos de nos lançar na ação frente ao temor do incerto. Mas deveria isso ser motivo para nos fecharmos e não tentarmos lidar com a situação? Vamos pensar numa outra perspectiva.
Diante destas situações eu costumo dar a seguinte resposta: “as abóboras se ajeitam na medida em que a carroça for andando.” Isso para dizer que até que nos coloquemos em movimento, até que efetivamente façamos alguma coisa, tudo pode parecer desajeitado, fora do lugar ou até improvável de se resolver, afinal, às vezes não temos a resposta e quando a temos, não há certeza plena se realmente vai funcionar. O interessante é que a experiência mostra, que na medida em que nos envolvemos e passamos a tocar o processo, aos poucos vamos descobrindo naturalmente as soluções, desde que estejamos em movimento e abertos a achar estas soluções, segundo o dito popular, “quem procura, acha”. Ainda, temos a opção de estudar o problema, pedir conselhos para pessoas que já passaram por isso e então buscar nossa própria maneira de viver o processo. Assim, quando menos percebemos, as abóboras se ajeitam e aquelas em excesso ou desnecessárias caem da carroça tornando-a mais leve para seguir o seu rumo.
Por isso, ter uma postura positiva e curiosa diante novo, ou de algo que não sabemos como resolver, nos permite o envolvimento necessário para que possamos, no decorrer do processo, descobrir , também as soluções e com elas aprender. Cada situação nova colocada em nossa vida pode ser vista como uma ameaça, ou uma oportunidade de aprendizado e crescimento.
Em qualquer campo da vida, as pessoas que são mais abertas para fazerem a carroça andar, acumulam mais aprendizados e experiências que tornam a sua vida mais rica, cheia de repertórios e mais sábia. A inércia frente a realidade não cria nada. A sabedoria vem justamente da experiência concreta de se viver o processo e aprender com ele. Por outro lado, vivenciar um processo, mas não aprender na jornada, nos torna tolos, juntamente porque não acumulamos os aprendizados necessários para os próximos desafios e continuamos a repetir os mesmos erros.
Por tanto, na vida nem sempre precisamos ter todas as respostas, mas precisamos movimentar a “carroça” e logo aprendemos que as abóboras irão se ajeitando, e algumas talvez, até caiam e fiquem pelo caminho, tornando a carroça mais leve para seguir o seu rumo e cumprir a sua missão.
Referências
📷 Young Girl Carrying a Pumpkin (1889) | Fausto Zonaro (Italian, 1854 – 1929)